terça-feira, 6 de novembro de 2012

Veredicto (*)






Em silêncio, no confessionário do teu peito,
cala a mágoa que não se apagará!
Suporta a sensação.
Olha pra ti mesma diante do espelho e não te surpreendas se reencontrares tuas lembranças passadas de recolhimento voluntário, tuas memórias vazias e tua história de inexistente interlocução.
Carrega o peso da tua imagem, mesmo que ela não traduza a realidade do teu ser.
Perdoa o julgamento enviesado.
Perdoa o reconhecimento que não foi endereçado a ti.
Perdoa-te por não produzirdes uma obra de fácil interpretação e perdoa-te, sobretudo, por nunca seres julgada com o mesmo crivo que os demais.
Tu não és como os demais.
Tu não aceitastes as regras do jogo. E não o fazes simplesmente para, depois, não seres julgada culpada.
És culpada mesmo assim!
Podes receber tal julgamento, mas o recebas com a certeza de que nem todo julgamento, independentemente da etimologia, é justo.
Ainda continuarás olhando à tua volta e caminhando no lodo.
Ainda continuarás respirando o ar fétido e infecto gerado pelo esquecimento vil dos  fatos ocultos.

                   ***
— Ainda?
— Ainda...
— Hmm, ainda!
                   ***
Sabes o que farás?
Guardarás a tua desesperança pra ti.
Calarás a tua insatisfação com um sorriso.
Suportarás  tua derrota com a dignidade de uma vencedora.

                    ***
— Ainda não é o momento.
— Não?
— Não!
— Hmm, não...
                    ***
E quando será?
Talvez amanhã, talvez nunca.
Neste teu teatro, minúsculo no teu despeito, de certo, apenas a convicção de que é preciso deixar as coisas se acomodarem.

                     ***

— Novamente?
— Novamente!
— É, novamente...

Talvez pra sempre.

— Cala.

(*) "Veramente dito"

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