sexta-feira, 4 de outubro de 2013

O que eu mais quero....

Foto: Flávio Bacelar
Concerto: Praça das Artes - 03/08/2013
Regente: Bruno Greco Facio
Publicação Original: Facebook em 01/10/2013



Eu queria muito que toda essa movimentação espontânea que está acontecendo em apoio ao Coral Paulistano estivesse totalmente desvinculada do desejo de muitos: ver o Maestro John Neschling fora do Municipal. 

Eu não desejo isso!

Desejo que ele acerte e que ponha a casa nos trilhos!

É a nossa única chance de ver esse Teatro realmente produzindo de forma séria e valendo-se somente da MÍDIA ESPONTÂNEA para promover nosso trabalho.

É a nossa única chance de garantir que a nossa permanência na casa está plenamente justificada, amparada e protegida, apenas e tão somente pela qualidade da nossa produção!

Queria muito que os artistas e a nova direção do Teatro fossem Cúmplices no projeto que está ainda por se construir.

Torço hoje pelos acertos, como torci no passado pelos antecessores e permanecerei torcendo no futuro, pelos que ainda estão por vir,

Mas tem mais coisas que eu queria....

Ah como eu queria!!!!

— Queria que o Paulistano não fosse tratado como uma relíquia! Como uma mortalha do movimento modernista ou como a única bandeira de Mário de Andrade que realmente nos interessa.

— Queria muito que este movimento solidário ao Coral Paulistano fosse motivado simplesmente pelo desejo de ver uma estrutura pública viva e retomando seu lugar de direito no meio Musical, um lugar que foi, durante os 8 anos da gestão PSDbista, esvaziado e desqualificado, até que, sem argumentos, os músicos ouvem a seguinte justificativa: O Coral Paulistano não tem mais razão de existir.

— Queria muito que todo o movimento que está se criando pela manutenção do Coral Paulistano tivesse como argumentos o fato de que a Música Coral, a capella, não pode possuir um único Sotaque: o que é imprimido pela Universidade de São Paulo! o sotaque que é difundido por cantores amadores, no estrito sentido da palavra: cantam porque amam cantar. Somente.

— Queria que o sotaque erudito dos cantores líricos fosse preservado e reconhecido também como correto na Música Brasileira e este reconhecimento premiasse os cantores que cantam não somente porque amam, mas porque se preparam para isso. 

— Queria que a presença viva de um coral profissional fosse o elo de vida entre os eruditos e a música a capella, nesse meu Brasil tão carente de profissionalismo vocal.

— Queria que o sotaque erudito na música a capella fosse preservado, valorizado e estimulado, para que os que argumentam sobre a forma correta de cantar não vençam com sua atitude preconceituosa, que confina a música brasileira e a música a capella em geral, em uma residência tão distante do canto lírico.

— Queria muito que os que lançam bandeiras pela manutenção do Coral Paulistano olhassem para o futuro, não para o passado: queria que os que argumentam utilizando o nome de Mário de Andrade, deixassem-no repousando em seu túmulo e parassem de pegar carona na notoriedade da semana de 22.

— O Coral Paulistano não é uma peça de museu e não deve ser tratado assim.

— O Coral Paulistano ainda está vivo e ainda é uma ferramenta de construção de platéia, de formação de ouvintes, de difusão de obras, de erradicação da ignorância musical que ainda graça no âmbito da música vocal! Se não foi utilizado desta forma, se não é visto deste jeito, se não é considerado capaz de exercer este papel, não é por culpa dos cantores. Por favor, meus colegas, não se deixem abater por este julgamento, caso ele surja! Nosso espaço continuará sendo defendido com nossas vozes, com nossa têmpera, com nossa disposição. Não caberá a ninguém nos dizer se somos adequados ou não! Nós seremos. E ponto!

— Queria muito que o Ministério da Cultura injetasse dinheiro de verdade, de papel, não de empenho, na Secretaria de Cultura, para que o Teatro Municipal pudesse ter de fato 10 óperas monumentais ao ano, 30 concertos de música a capella ao ano, inúmeros concertos sinfônicos ao ano, magistrais Balés, incontáveis visitas às escolas e das escolas ao Teatro.

— Queria muito que a nossa função no organograma político não fosse apenas entreter, distrair e divertir. Fosse também formar, instruir e informar. 

— Queria muito que os equívocos do passado, no que diz respeito a repertório, estética e divulgação não penalizassem os artistas do Coral Paulistano, no que diz respeito aos projetos para o futuro.

— Queria muito tirar de mim essa sensação de estar sendo punida por ter sido obediente e ter seguido rigorosamente à risca as orientações técnicas e estéticas dos meus superiores hierárquicos passados, que trataram a música vocal a Capella e a música brasileira como música pra ser cantada por principiantes....

— Queria muito que eu e meus colegas fôssemos julgados pela nossa capacidade de produção e não pela incapacidade produtiva dos que nos dirigiram até bem pouco tempo atrás. 

— Queria muito que um lapso de lucidez recaísse sobre todos os que podem dispor sobre estas questões e queria, sobretudo, que o amanhã fosse um dia diferente... e nos reservasse notícias novas e boas, prá mim e pros meus colega de trabalho.

— Queria o Paulistano autônomo, produtivo, vigoroso e altivo, produzindo pro futuro, não vivendo apenas das cinzas do passado!

Mas o futuro não existe. 
Existe apenas o presente.
E existe também tudo aquilo que não existe mais....

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