Sr.
Ney Matogrosso, falemos sobre a Copa do Mundo:
As
campanhas para conquista de País Sede de copa do Mundo acontecem com um prazo de aproximadamente 3
copas de antecedência e o país eleito assume um compromisso formal, assinado
entre todos os integrantes do Comitê da FIFA, para o cumprimento das condições
de hospedagem, viárias, e de infra estrutura.
O Brasil conquistou este status sem que houvesse nenhuma outra candidatura concorrente. Portanto, o Brasil, no início deste século, candidatou-se a hospedar o Campeonato Mundial de futebol, tendo seus olhos voltados às vantagens que viriam agregadas à competição.
Logo,
as condições que estão sendo cumpridas agora, pelo governo Dilma foram
assinadas a assumidas no início do Governo Lula, mas são frutos de negociações
iniciadas e conduzidas durante no Governo que os antecedeu. Portanto, ainda que haja a pergunta: “por que o Brasil se candidatou a sede da copa se a infra
estrutura não é compatível?” parece-me que a indignação com o fato está sendo dirigida aos governantes errados.
Se
o governo responsável péla candidatura do Brasil à Copa tivesse permanecido, o dinheiro que está sendo aplicado pelo Governo Federal e Estados para construção de estádios e ARENAS, além das estruturas viárias, viria da iniciativa privada, que lucraria sozinha com
os lucros do investimento em turismo e serviços....
Com
a mudança nas diretrizes do governo os apoiadores privados foram se retirando e
então os Governos Federal e Estadual tiveram que assumir os custos de
realização das obras comprometidas desde a eleição do Brasil como sede da copa.
Então, quem está pagando o pato é o atual governo, mas...
... Mas
toda a estrutura da copa foi montada para ser um sucesso financeiro para os
apoiadores privados que foram se retirando depois da mudança de governo e isso
não chega ao conhecimento da população porque a mídia não divulga....
Sobre
a saúde na década de 50: Era realmente melhor.
E,
esclarecendo: quem era o presidente da república até 1954? Getúlio Vargas, que
governou o país em duas fases, na qual se encontra o período do Estado Novo,
ditadura de esquerda, onde foram consolidadas a maioria das conquistas
trabalhistas do país!!!! Reeleito pelo voto direto em 1951, governou até 1954,
quando suicidou-se por conta da forte oposição das estruturas de elite e da direita, que
jogavam muito pesado, desenhando um golpe que se confirmou na década de 60.
Na
sequencia os dois grandes nomes foram Juscelino Kubitschek, cujo lema "50 anos em 5" trouxe arrojo governamental e, no bojo da construção de Brasília, estufou a dívida pública do país, gerando um curva
inflacionária contínua e crescente. Jânio Quadros, com um discurso de
moralização, famoso "varre-varre-vassounrinha" jurava varrer a corrupção do país, mas sua gestão durou menos de 1 ano, quando, com a renúncia, cedeu a vez a,
João Goulart, esse sim, herdeiro político de Getúlio, que retomou as diretrizes
do seu mentor que havia se suicidado.
O
que aconteceu?
As elites brasileiras, assustadas com os projetos sociais em estudo no governo de Jango, organizaram-se em manifestações "populares", contrárias às mudanças que se esboçavam, contra a corrupção, contra os desmandos. Mas os desmandos estavam na verdade sendo revelados, e eram antigos e anteriores ao governo em curso, sob condução de João Goulart. Mas mesmo assim o povo ganhou as ruas, em manifestações populares imbuídas de uma grande indignação contra o governo...
— Vê alguma semelhança cm nossos dias, Sr. Ney? Pois as semelhanças deram resultados funestos!
—
O Golpe Militar e 35 anos de ditadura, onde a saúde da população não teve o
menor cuidado, onde o salário mínimo seria, em dias de hoje, cerca de 95,00,
onde as raízes da hiperinflação foram plantadas, onde as diretrizes do
ensino público impuseram como melhoria somente o ensino de Educação Moral e
Cívica, com o objetivo de defender os ideais de direita do governo militar.
Na
sequencia ao golpe, tivemos 20 anos de governo do PSDB, este sim responsável
pelo alto índice de analfabetos funcionais em idade produtiva no país, quando estabeleceu o regime
de progressão automática nas escolas públicas, onde, para diminuir a evasão
escolar, aprovou uma lei onde os alunos do ensino fundamental (1.ª a 4.ª séries)
não podem ser reprovados. E o índice de analfabetismo não regrediu, mas as pessoas
estudavam pelo menos até a quarta série. Que vantagem há nisso?
— Respondo: A
vantagem de formar uma massa de manobra, formada por cidadãos sem capacidade de
compreensão, de questionamento e avaliação.
Cidadãos capazes de emitir opiniões sem fundamento e capazes de disseminar informações sem procedência confiável.
Conhece alguém assim, Sr. Ney?
Neste
período PSDBista as Universidade sofreram os maiores cortes em verbas de
pesquisa da história e a desvalorização salarial dos professores alcançou
níveis estratosféricos.
Sem
falar na desestruturação de instituições financeiras sólidas que ruíram por
força de desmandos administrativos (como o Banespa, do qual inclusive fui
funcionária e de onde me desliguei à época da intervenção)
Pois
então, Sr. Ney Matogrosso, voltando à educação: O que provocava a evasão
escolar por reprovação não era a dificuldade intelectual dos alunos nem mesmo o
não aprendizado, aferido pelas notas nas provas. Eram as faltas, porque as
crianças saíam da escola para trabalhar com os pais..... ou para os pais.... ou
pra ficar em casa enquanto os pais trabalhavam.... As provas nem sequer
aconteciam, porque o aluno, via de regra, saía da escola já no primeiro
bimestre letivo.
Então
daí vem o “Bolsa Família”..
O
“Bolsa Família” foi pensado da seguinte forma: quanto uma criança ganha
trabalhando com os pais, ou vendendo bala nos faróis, ou ficando em casa
enquanto os pais iam trabalhar...
Desta
equação saiu um valor inicial de cerca de R$ 60,00 mensais PARA QUE AS CRIANÇAS FOSSEM
PARA A ESCOLA!
E
aí vem a demonstração de que o senhor, Sr. Ney, como a maioria da população, está replicando informações sem procedência confiável, repetindo o
que ouve na mídia como se verdade fosse, acredita em tudo o que lê nos jornais, e, sem condições mínimas de avaliação de conteúdo do que está sendo divulgado, como a maioria da população que está
indignada, profere suas queixas em uma Televisão de Portugal, mesmo sem saber qual é a origem dos
problemas.
Pois bem, Sr. Ney, saiba que as famílias que não mantém seus filhos na escola PERDEM O BENEFÍCIO DO
BOLSA FAMÍLIA. Ir à escola é condição sine-que-non para receber o benefício. É uma bolsa de estudos para as crianças, daí o nome: Bolsa Família. A criança estuda e a família se favorece disso. E neste caso, em um país em que as crianças estudam, a família somos todos nós!
Sr. Ney o senhor está desinformado sobre os índices de natalidade no Brasil. Na década de 50 a média de filhos de uma família era de 7 a 8 filhos por casal.
E
este índice se manteve por mais de 20 anos. Na década de 80 este índice já era
de 4 por casal e atualmente este índice não ultrapassa os 2 filhos por família, em média.
Então,
não procede a afirmação de que as pessoas fazem filhos pra ganhar o “Bolsa
Família”. Esta afirmação pode ser considerada uma redução desleal do Projeto social em curso, ou fruto de algum tipo de analfabetismo funcional, desinformação ou má-fé.
Sobre
a corrupção ser muito mais visível no governo do PT, Sr. Ney, tenho o seguinte
a dizer:
Na
realidade, nos últimos 10 anos o poder judiciário realmente ganhou uma liberdade
maior em relação ao executivo e legislativo. O resultado disso é que as
denúncias são investigadas e seguem a tramitação até o julgamento, que mesmo
que seja demorado, acontece.
Até o início deste século as denúncias aconteciam e eram abafadas nos gabinetes políticos,
não chegando nem ao conhecimento da população, o que dava a sensação de que a
corrupção era menor.
Mas
saiba: a corrupção entre os anos 50 e 80 foi inegavelmente maior do que hoje em
dia. E os corruptos NUNCA FORAM SEQUER INVESTIGADOS....
Me
diga aí, Sr. Ney: O Senhor acha que o caso “Mensalão” foi o único?
Não!
Mas,
mesmo o governo sendo PTista os envolvidos foram julgados e estão presos, sem
interferência, intercessão ou benefício do Poder Executivo.
Como
se chama isso?
— Independência
entre os poderes. Um dos pilares do regime Democrático de Direito, contrariando
sua afirmação ao final do vídeo de que hoje em dia vivemos um regime
ditatorial!
Isso
sem falar de todas as irregularidades do julgamento do “Mensalão” cujos
resultados além de ilegais afrontam não somente a constituição em muitos
aspectos como também, a aplicação das penas avilta uma série de direitos civis,
não somente dos condenados, mas de qualquer cidadão.
Aí
vem um artista, que deveria levar para o mundo o nosso melhor, aparece em rede
de televisão estrangeira, dizendo que a corrupção aumentou muito! Leviandade
sua, Sr. Ney! Não aumentou não. Apenas está sendo apurada com mais clareza.
Então parece procedente o ditado que afirma que o que os olhos não veem o coração não sente.
— Posso concluir que todos os
fatos irregulares e toda a corrupção do passado, que permaneceram durante anos
sob o tapete, não lhe incomodam tanto, Sr. Ney?
— Neste caso, posso eu acreditar que o senhor é indiferente a todos os desmandos e abusos ocorridos nos anos de chumbo deste país?
Não Sr. Ney, não posso! O nome disso é sofisma! Tanto quanto, afirmar que a corrupção hoje em dia é maior do que no passado é sofismar sobre o fato de que a corrupção hoje em dia é mais investigada e punida do que outrora.
Mas, espero que pelo menos o senhor saiba que nosso passado é o
cerne de todos estes problemas que o senhor imputa ao governo atual, à Copa da
Fifa, à corrupção corrente; e contra os
quais o Sr. se revolta, para além do Oceano Atlântico, “ora pois”.
O senhor sabe disso, Sr. Ney?
Parece que não, pois levou tanta
desinformação para além-mar que chegou mesmo a assustar o jornalista que o entrevistou,
estarrecido com sua conduta, de pessoa que se envaidece à medida em que sua
ignorância vai tomando vulto. Que vergonha, Sr. Ney!
A
corrupção está mais visível e esta é uma forma da população participar da
vigilância que deve haver sobre as questões políticas, mas a população não se
informa e acaba vigiando as ovelhas, em vez de procurar o lobo...
Uma
pena!
Sobre
a mudança nas classes sociais, Sr. Ney, percebi nas suas palavras uma desinformação típica de
quem mora em uma cobertura com vista para o mar e possui pouco contato com o
povo, a não ser os serviçais que o servem em sua casa.
As
pessoas que recebem bolsa família não se transformaram em classe média e nem
foi o “Bolsa Família” que aumentou a classe média.
Existem
outros programas sociais, dos quais a mídia não fala, como por exemplo a
criação das tributações diferenciadas para microempreendedores.
São
o Simples e o micro empreendedor individual.
São
programas onde a empresa (simples) ou o micro empreendedor autônomo após se cadastrarem junto à receita federal, apresentando a documentação cabível, recebem os benefícios de uma tributação diferenciada, que muitas vezes chega ao patamar ZERO de tributação sobre seus serviços.
Logo,
estes trabalhadores que antes eram empregados, ou estavam desempregados ou no sub-emprego, ganhando os salários que a
empresa quisesse pagar, ou vivendo de bicos, se lançaram na iniciativa autônoma, gerando um
esvaziamento da mão-de-obra sub-remunerada nas empresas e criando uma
concorrência mais barata. Diminuindo assim, inclusive, os índices de desemprego no país, como atestam as pesquisas, mesmo as que não são contratadas pelo governo!
Você
acha que as empresas gostaram disso, Sr Ney?
Perdem
o funcionário de anos, que sabe tudo do trabalho, mas ganha pouco, e ainda por
cima oferece seu trabalho como micro-empreendedor, trabalhando por conta
própria?
Ou
melhor, vão e criam sua própria empresa?
O
que você acha que os empresários vão fazer?
—Campanha
pra disseminar que o desemprego aumentou porque a economia está em
dificuldades.
A
economia deles está em dificuldades, porque essa massa de trabalhadores que era
empregada e virou autônoma está ela sim, fazendo surgir uma nova classe, considerada
a nova classe média, e as empresas estão tendo que gastar os tubos,
qualificando mão de obra pra ocupar as vagas que foram deixadas vazias.
Sem
falar do FIES: programa de financiamento estudantil, que financia 100% dos
custos da universidade com juros de 8% ao ano!
Você
sabia, Sr. Ney?
O
“Bolsa Família” não acabou com a miséria, mas as crianças, filhas destes
miseráveis pelo menos vão pra escola, comem na escola, diminuem a despesa de
alimentação da família e os pais ainda recebem o dinheiro que esta criança
receberia vendendo bala no farol.
Esta
mudança de classes sociais não é para agora?
—
NÃO
Até
porque, no Brasil, o que chamamos de classes são, na verdade, castas!
Esta
mudança é para quando estas crianças chegarem na fase de trabalho.
Para
que elas tenham estudo mínimo para não serem catadores de papelão.
Os
benefícios do “Bolsa Família” são poucos ainda.
A
População só diz que as famílias recebem uma miséria que não dá nem pra
alimentar as crianças e que isso não tem resultado nenhum. Quem diz isso, de
fato, nunca teve nenhum contato com a miséria real. Não a miséria das cidades,
que conhecemos aqui e classificamos como moradores de rua, pobres e
excluídos. Aqueles que tanto tememos por serem "vagabundos"! A miséria das cidades é fichinha perto da miséria do
interior do país, onde um pai de família você compra um saco de farinha por 20 reais e come angu
o mês inteiro com lambari pescado a tapa no riacho com os filhos! Onde as pessoas mantém a vida com farinha e água!
Os
resultados do “Bolsa Família” são previstos para acontecerem num período de 20
anos.
Ou
seja: o cara que está entrando na universidade hoje, financiado pelo FIES, é
filho do “Bolsa Família” das cidades. Mas, no interior do país, os filhos do
“Bolsa Família”, talvez estejam hoje comprando a sua primeira enxada para
tentar fazer sua agricultura de subsistência, pra tentar permanecer no campo,
para não evadir para a cidade, pra calcular suas despesas contando apenas com a instrução que recebeu na escola rural, enquanto seus pais recebiam o benefício do Bolsa Família.
Sem o Bolsa Família este cidadão teria ido pra enxada aos 8 anos, não aos 18!
Então,
a nova classe média não surgiu como consequência do “Bolsa Família”, surgiu das
novas relações de trabalho, que substituíram o desemprego pelo micro-empreendedorismo.
E quem fala da “nova classe média” não é o governo! São os setores de turismo,
automobilismo e bens não duráveis que foram francamente aquecidos pelo advento
do dinheiro desta população que agora consome mais do que nunca.
Ataques
ao “Bolsa Família” deveriam envergonhar aqueles que querem um pouco mais de
dignidade para todos. O Bolsa Família não veio sozinho. Veio de mãos dadas com
os projetos de erradicação do trabalho infantil (Peti), o programa Territórios
da Cidadania, que visa fixar o homem no campo, buscando vencer os tentáculos do
agro-negócio e diminuir as desigualdades nas cidades, o programa
Luz-para-todos, Brasil alfabetização de jovens e adultos (EJA), que está
ajudando a diminuir os danos da “Progressão automática” PSDBista, Pro-Uni, que
garante o acesso às Universidades.
Sr.
Ney, antes de abrir a boca lá fora e semear informações que desqualificam seu
país, por favor, informe-se melhor!!!
Sobre
os dez milhões de miseráveis, é verdade, eles existem, mas existem programas
sociais tentando reverter esta situação!
Senhor
Ney, esqueceu-se de explicar como a evasão do homem do campo para as cidades
acontece e quais são as consequências.
Talvez o senhor não saiba. Ignorância imperdoável a quem se mete a falar sobre seu país
além das fronteiras territoriais.
Vou
ajudá-lo a diminuir tanta ignorância:
O
agro-negócio, basicamente monocultor e latifundiário, compra as terras do
pequeno lavrador, que pratica a agricultura de subsistência, para manutenção de
sua família, por uma ninharia, estabelece uma lavoura de monocultura,
utilizando-se de maquinário em vez de mão de obra humana, cujos produtos serão
revertidos para o mercado externo.
Então como fica a afirmação de que aqui, se plantando, tudo dá?
VAZIA!
Exemplificando:
Um
grande latifundiário compra cerca de 20 pequenas unidades de terra (com
1500m.² cada), onde moravam cerca de duzentas famílias (10 em cada unidade, considerando-se unidades rurais coletivas), considerando uma
família mínima de um casal e um filho, todos lavradores. Seriam cerca de 600
pessoas sem casa e sem trabalho.
Este
latifundiário monta sua fazenda monocultora com cerca de 8 tratores, 10
celeiros contendo 5 funcionários em cada. Cerca de 10 colheitadeiras com 2
operadores cada, 5 máquinas ensacadeiras e a fazenda começa a produzir com
cerca de 119 trabalhadores.
Vamos
multiplicar este número por 2, considerando que o fazendeiro queira que seus
funcionários trabalhem apenas meio período (que bonzinho ele, não?) Serão
cerca de 238 funcionários numa fazenda de 30.000m² que produz apenas um
produto.
Nestas
20 fazendas, quando eram propriedades rurais de lavradores, produzia-se de
tudo: arroz, feijão, mandioca, batata, verdura, porco, galinha, fruta, em uma
agricultura de subsistência, que alimentava cerca de 600 pessoas (considerando
que cada família tivesse apenas 1 filho...)
Agora
30.000m.² de terra dão emprego pra 238 daqueles 600.
E
os outros 362? Viverão de que?
Trabalharão
onde?
Virão
pra cidade tentar a vida. Muitos morarão em prédios ocupados no centro das grandes cidades, como em São
Paulo, se instalarão nas favelas, como no rio, ou tentarão voltar para a terra de origem ou para a lavoura, em
movimentos de trabalhadores rurais como o MST.
Mas a população não conhece a realidade do campo, nem a vida dos lavradores, nem o
agro-negócio e se voltará contra esta legião de refugiados que invadem prédios desocupados esperando a valorização fruto da especulação imobiliária ou terras improdutivas vinculadas a heranças cujos espólios nunca jamais se dividirão por conta de inventários intrincados e morosos..
E a população olhará para esta legião de expropriados e verá neles potenciais bandidos, porque a crueldade da exclusão coloca beneficiados e expropriados vivendo no mesmo habitat, desfrutando de todas as desigualdades que o os torna tão diferentes, apesar de vítimas da mesma conduta política disseminada há séculos!
Somos todos vítimas, Sr. Ney, e nos voltarmos contra uma inversão política que tenta alterar esta situação é por em risco as poucas possibilidades que temos de tornar nossa sociedade um pouco mais humana e horizontal.
Possivelmente, Sr. Ney, o Senhor acredite que as coisas não estão correlacionadas e que os moradores de ruas das
cidades surgiram nas calçadas por geração espontânea! Não Sr. Ney, estas
famílias foram praticamente expropriadas de sua dignidade. Muitos acreditam que
moradores de rua são mendigos, que os invasores de prédios públicos são baderneiros
e que os trabalhadores dos movimentos dos sem terra são invasores criminosos da
propriedade privada.
Esta
é uma inversão muito desleal!
E
a política da monocultura que desagrega lavradores, que alimenta o agro-negócio
e que cria moradores de rua desabrigados nas grandes cidades não é uma invenção
do PT, nem do Lula, nem da Dilma. Este governo se posiciona contra esta política e são atacados também por isso!
Esta
política monocultora iniciou com a cana de açúcar, seguiu-se com o café e
perdura até hoje. Agora, com a explosão demográfica das cidades nós temos que
pensar numa saída, por questão de segurança pública, porque quem não tem
trabalho, moradia, alimentação, saúde, dignidade, vai pro crime.
Por
isso a reforma agrária não é uma questão política, nem econômica!
É
uma questão de segurança pública! E o digno Sr. Ney Matogrosso deveria ficar
calado em relação a isso, já que ele não sabe como as coisas acontecem. Apenas
propaga o que escuta, sem tomar conhecimento dos fatos.
Sobre
as desapropriações dos espaços para a construção dos estádios, talvez o Senhor Ney devesse tomar conhecimento dos processos de desapropriação e dos tramites seguidos até que as pessoas fossem retiradas dos locais destinados à construção das ARENAS, lembrando que às época da eleição do Brasil para sede da Copa do mundo, TODA A POPULAÇÃO DO PAÍS SE MOSTROU FAVORÁVEL, sem pensar, naquela época, nas consequências.
Quem
escolheu as áreas não foi o governo do PT, nem o Lula, nem a Dilma, nem mesmo a
Fifa.
Quem
indicou as áreas foram os governantes locais à época em que o Brasil foi eleito
sede da Copa, há mais de 10 anos atrás. E as cidades brigaram aos tapas para
abrigarem as ARENAS, com seus olhos voltados aos ganhos advindos da circulação
de turistas e com interesse nas obras de infra estrutura viária e de transportes!
Era
responsabilidade dos governantes locais realocarem estes moradores. Mas não o
fizeram e aí quem paga a conta? Quem está ocupando o cargo majoritário do país,
às vésperas da eleição.
O
país tem um compromisso assinado há mais de uma década, recebeu verbas
PRIVADAS, não públicas, para construir os estádios, porque o dinheiro está com
o governo, mas não é do governo, nem da população, veio dos patrocinadores
vinculados à FIFA e o dinheiro público que entrou na jogada entrou como verba
emergencial, à medida que os patrocinadores PRIVADOS foram desonrando seus
compromissos financeiros com a realização das obras. Por isso este dinheiro não
pode ir pros hospitais, nem escolas, nem estradas.
Desculpe-me,
Sr. Ney, mas acho que o senhor não sabia disso quando disse “se tinha tanto
dinheiro assim, por que não resolver os problemas de saúde, de educação e de
transporte do povo?” Mais uma demonstração de desinformação da sua parte!
Sobre
a polícia, tenho que concordar com o Ney: é uma instituição fascista mesmo!
Poucos, em sã consciência, tendo outras opções, se candidatariam a carreira
de policial por altruísmo. Talvez haja mesmo em muitos militares um traço de perversão
de personalidade. E os perversos matam sem motivo.
Matam
reputações, matam projetos positivos para o futuro, matam até pessoas.
Talvez a copa do Mundo não devesse mesmo vir para o Brasil, mas não pelos motivos expostos pelo Sr. Ney em Portugal.
Não deveria porque, no país mais boleiro do mundo, a Copa do Mundo está sendo pensada para os turistas, não para aquele cidadão pé-descalço que é louco por futebol e daria a vida para estar no estádio em um jogo de Copa-do-mundo. Mas este cidadão não terá vez, porque, como no carnaval, o espetáculo é para poucos...
Mas talvez o Sr. Ney nunca tenha parado pra pensar nisso.
Sr. Jornalista Português, desculpe nossa
ignorância!