sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Luto





















Aragem fria e úmida da manhã desprende-se da Serra e me visita.
Batiza e refresca meu coração pagão que pulsa e ferve.
- Aquece, Aragem,
recebe o sol fresco que se levanta...,
acorda e canta.
Visita meu coração ateu!

- Agita-te, Aragem.
Carrega meu coração em ventania.
Ele em ritual pagão se cansa...
E de mal com Deus se perde no anoitecer,
em agonia!

- Repousa Aragem.

Eu, banhada na luz da noite,
fatigada encontro teu coração.
... Silente.
Em desespero te ausculto, coração.
... Ausente.

Em sonho rogo e suplico:
- Vem, coração, volta do escuro do ar que te faltou!
Morreu...
Morto ficou o Coração no breu.

- Foge de mim, Aragem!
No refúgio da Serra, morada tua que te resfria,
esconde-te de mim...
Por hoje, esquece meu coração.

- Retorna amanhã, Aragem,
vem e me resgata!
Tira de mim a sombra do coração que se perdeu.

Volta amanhã, Aragem...
Pois amanhã, ainda em luto, meu coração volta a ser teu!

Pra minha Tia Maria...
* 05/09/1945—23/05/2010

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