quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Onde bate a tua água...














- Dodi, pra você:

Ela não bate... Ela me leva!
Me lavo nela de roupa e tudo.
Me banho nela da cabeça aos pés.
Me encharco nela como corpo sem guarda-chuva em dia de tempestade.
Mergulho nela como beduíno em um lago de oásis.
Boio nela como criança em piscina que não dá pé!
Me preencho dela como corpo de cactus, como planta suculenta, como vaso de flor.
Ela pulsa em mim como sangue nas veias,
penetra em mim como jato de sêmen,
faz festa em mim como esguicho de chafariz.
A tua água me refresca, me limpa, me batiza, me hidrata, me renova.
Me deixa úmida.
Me faz brotar como grão-de-feijão em algodão no pires...
Também me afoga.
Também me derruba na enxurrada.
Também me abala as paredes como numa tormenta.
Me escava os alicerces, me infiltra, molha minhas vidraças...
A tua água, pra mim, é água de mina, é água de poço, é água de bica:
fresca, leve, cristalina, insípida, incolor, inodora.
É gelo em suco, é gelatina.
É água de mar, carregada no sal.
É marola, é onda, corredeira, calmaria.
É sereno da manhã, é neblina de montanha, é nuvem...
É cachoeira, é queda d'água.
É uma lágrima que me escorre dos olhos,
é minha saliva, meu suor.
É vapor.
É cor.
É textura de aquarela!
Cria arco-íris contra-luz do sol.
Bate no pé, no joelho, entre as pernas, na cintura, no peito, no pescoço...
Molha e cacheia meus cabelos.
É água de taça, de regador, é água de aquário, de copo, de jarra.
É o gole que salva,
é soro.
É a gota que transborda,
é veio de rio, represa, usina, gerador.
É luz!
É catarata.
É força vital.

Minha alma ressecada bebeu dela, e germinou!

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