segunda-feira, 17 de março de 2014

Círculo vicioso do Silêncio, Parte I: Pique-esconde...

silêncio 
si.lên.cio 
sm (lat silentiu1 Ausência completa de ruídos; calada. 2 Estado de quem se cala ou se abstém de falar; recusa de falar. 3 Abstenção voluntária de falar, de pronunciar qualquer palavra ou som, de escrever, de manifestar os seus pensamentos. 4 Taciturnidade. 5 Discrição. 6 Interrupção de um ruído qualquer. 7Abstenção de publicar qualquer notícia ou fato, de comentar o que é geralmente sabido. 8 Descanso; estado calmo; estado de paz, de inação. 9 Interrupção de correspondência epistolar. 10 Mistério, segredo. 11 Ausência de menção; omissão em uma relação verbal. 12 Suspensão que faz no discurso o orador ou a pessoa que fala. 





Quando eu era pequena brincava de esconder cobrindo os olhos. De repente, vendo o mundo desaparecer, acreditava que era eu que me fazia invisível.
Percebo que todas as crianças fazem isso.
E crianças de todas as idades... dos 0 aos 100 anos brincam assim.
As inocentes e as espertas brincam assim.
As crianças saudáveis, e também as doentes, brincam assim. 
As crianças inocentes, que começam a descobrir o mundo, brincam assim, cobrindo e descobrindo o alvo de sua visão. É o maior dano que podem promover no mundo, além de sujar as próprias fraldas ou molhar o babador: deixar de ver a espécie humana, em sua pequenez e indignidade...
As crianças "espertas" brincam assim, testando a inteligência de quem as observa, a paciência de quem as ouve, o humor ( mau ou bom...) de quem caminha com elas.
As crianças, conforme vão ficando cada vez mais "espertas", menos brincam de Se-esconder. Brincam somente de esconder. Escondem algo (ou nada) dos outros (ou de ninguém...) Simplesmente... 
E o esconderijo das crianças espertas nada mais é do que um ardil: provocam a extrema exposição daquilo que querem mostrar, mesmo que seja algo que não exista, mesmo que não seja real, mesmo que não traduza uma verdade palpável.; mesmo que não seja sequer provável. Acreditam que assim escondem tudo o que de fato está acontecendo... e que realmente precisa ser conhecido.
E a criança "esperta", que na maioria das vezes é também mimada, brinca também com o alvo da visão. Só que atreve-se a alterar  alvo da visão alheia. Daqueles que a observam, daqueles que a ouvem, dos que caminham com ela. A criança "esperta" acredita assim que no seu "jogo de pique-esconde" escondeu tudo, mostrou apenas o desejado e deixou claro quem é que manda na brincadeira.
Mas, o que a criança esperta não percebe é que o silencio passivo dos que a observam é o maior sinal de que todos percebem o que de fato não poderia ter sido visto: nada há a esconder. Tudo ficou exposto. Mesmo que, aparentemente, tenha ficado fora de foco...

Hoje em dia, brinco de esconde-esconde abrindo bem os olhos. 
Porque nesta brincadeira invertida, criada pela esperteza, não importa o que é dito, o que é afirmado, o que é oferecido e o que é mostrado. 
Importa o que ficou calado, escondido, virando sintoma...

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