quinta-feira, 16 de julho de 2015

Não Pertencimento

Momento da reflexão:
Não tenho nem trezentos amigos no Facebook, enquanto alguns dos meus amigos "facebooquianos" tem milhares. .....
Recebo solicitações de amizade que demoro dias para aceitar, até estar convencida de que aquela solicitação não é apenas um interesse numérico, mas o desejo de conhecer a pluralidade de pensamentos deste universo virtual, de aprendermos a conviver com essa pluralidade de forma respeitosa.
Percebo que minhas postagens fofas, de gatinhos e cachorrinhos recebem muito mais curtidas do que aquelas polêmicas, como a redução da maioridade penal.
Eu mesma, não acompanho e não curto as publicações da maioria dos amigos de Facebook. E só tenho duzentos e poucos amigos. Imagino como seja a vida daqueles que tem milhares...
Percebo que nem 10% dos meus amigos de face compartilham comigo das posições políticas e éticas nas quais acredito e tampouco se prestam a questioná-las. E eu idem! ? Nas vezes em que tentei estabelecer um diálogo sobre divergências, percebi que não havia espaço para isso. Que este não é o objetivo deste universo.
Aí vem a questão: - Qual é o objetivo?
Que tipo de relações estamos projetando em nossas vidas reais, a exemplo do que vivenciamos neste universo Virtual?
Aqui, neste meio virtual, fabricamos as armadilhas que, na vida real, nós mesmos rejeitamos, num comportamento politicamente correto: armadilhas onde os diferentes são isolados, os questionadores são silenciados, as relações de convivências se estabelecem sob parâmetros de hipocrisia, a futilidade é o viés que equilibra as relações tidas como "saudáveis", as fantasias de que "somos todos lindos", "a vida é bela" e afins dominam as certezas individuais de quase todos. Aqui, tentamos a todo o custo neutralizar o incômodo da convivência, sem deixar de conviver. Mas estamos cada vez mais dependentes deste meio e cada vez mais distantes das vidas que nos cercam. Cada um no seu mundinho e cada vez mais fora do universo. Cada vez mais ilhados e cegos, como previu Saramago, no "Ensaio sobre a cegueira".
E, lamento, mas o incômodo, e as reflexões que naturalmente deveriam advir dele, tem-nos feito falta em nossa vida em sociedade, sob um aspecto macro-social.
Não se iludam: as redes sociais são um paradoxo, pois são, na realidade, redes anti-sociais. E poucos de nós se dão conta disso!
Fazemos tudo isso, igualzinho, na vida real, mas nos esforçamos para parecer que somos tolerantes com as diferenças e que preconceito, discriminação, intolerância, desrespeito não existem. E aqui, neste meio virtual, possuímos um muro invisível que nos protege e nos mantém entre iguais, mesmo que isso seja inaceitável socialmente.
E tudo isso para quê?
Sem resposta.
Sigo, apenas, levando esta sensação de não pertencimento!
Pqp, que merda!

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